Hei de morrer de amar mais do que pude



Soneto do amor total


Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.

Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.







Vinicius de Moraes





És o esplendor do dia


Estás no verão,
num fio de repousada água, nos espelhos perdidos sobre
a duna.
Estás em mim,
nas obscuras algas do meu nome e à beira do nome
pensas:
teria sido fogo, teria sido ouro e todavia é pó,
sepultada rosa do desejo, um homem entre as mágoas.
És o esplendor do dia,
os metais incandescentes de cada dia.
Deitas-te no azul onde te contemplo e deitada reconheces
o ardor das maçãs,
as claras noções do pecado.
Ouve a canção dos jovens amantes nas altas colinas dos
meus anos.
Quando me deixas, o sol encerra as suas pérolas, os
rituais que previ.
Uma colmeia explode no sonho, as palmeiras estão em
ti e inclinam-se.
Bebo, na clausura das tuas fontes, uma sede antiquíssima.
Doce e cruel é setembro.
Dolorosamente cego, fechado sobre a tua boca.


O Verão

José Agostinho Baptista



Nascemos para amar




Nascemos para Amar

Nascemos para amar; a Humanidade 

Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura. 
Tu és doce atractivo, ó Formosura, 
Que encanta, que seduz, que persuade. 


Enleia-se por gosto a liberdade; 

E depois que a paixão na alma se apura, 
Alguns então lhe chamam desventura, 
Chamam-lhe alguns então felicidade. 

Qual se abisma nas lôbregas tristezas, 
Qual em suaves júbilos discorre, 
Com esperanças mil na ideia acesas. 

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre: 
E, segundo as diversas naturezas, 
Um porfia, este esquece, aquele morre. 



Bocage

Gota de Água


Gota de Água


Eu, quando choro, 
não choro eu. 
Chora aquilo que nos homens 
em todo o tempo sofreu. 
As lágrimas são as minhas 
mas o choro não é meu.


António Gedeão



Sentir tudo de todas as maneiras, num só momento


"(...)
Sentir tudo de todas as maneiras, 
Viver tudo de todos os lados, 
Ser a mesma coisa de todos os modos possíveis ao mesmo tempo, 
Realizar em si toda a humanidade de todos os momentos 
Num só momento difuso, profuso, completo e longínquo.
 (...) "



Lágrima de preta



Lágrima de preta





Encontrei uma preta 

que estava a chorar, 
pedi-lhe uma lágrima 
para a analisar. 

Recolhi a lágrima 
com todo o cuidado 
num tubo de ensaio 
bem esterilizado. 

Olhei-a de um lado, 
do outro e de frente: 
tinha um ar de gota 
muito transparente. 

Mandei vir os ácidos, 
as bases e os sais, 
as drogas usadas 
em casos que tais. 

Ensaiei a frio, 
experimentei ao lume, 
de todas as vezes 
deu-me o que é costume: 

nem sinais de negro, 
nem vestígios de ódio. 
Água (quase tudo) 
e cloreto de sódio. 




António Gedeão


A amizade é como as estrelas...





A amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro.
 (Platão)


A amizade é como as estrelas. 

Não as vemos a toda hora, mas sabemos que existem.
 (Marina de Almeida Camargo)

A amizade é um amor que nunca morre.
 (Mário Quintana)



A amizade é um comércio desinteressado entre semelhantes.

 (Oliver Goldsmith)

A amizade multiplica as coisas boas e divide as más.
(Baltasar Gracián)

A amizade não consiste em apoiar os amigos quando eles têm razão, mas quando erram.
(Malraux)

A amizade não se busca, não se sonha, não se deseja; ela exerce-se: é uma virtude.
 (Simone Weil)

A amizade pode existir entre as pessoas mais desiguais. Ela as torna iguais.

 (Aristóteles)


A amizade sempre é proveitosa, o amor às vezes é.
 (Seneca)

Eu sei, mas não devia


Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos
e a não ter outra vista que não seja as janelas ao redor.

E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma acender mais cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado.
A ler jornal no ônibus porque não pode perder tempo da viagem.
A comer sanduíche porque não dá pra almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra.
E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
A lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.

E a ganhar menos do que precisa.
E a fazer filas para pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e a ver cartazes.
A abrir as revistas e a ver anúncios.
A ligar a televisão e a ver comerciais.
A ir ao cinema e engolir publicidade.
A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição.

As salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
A luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias da água potável.
A contaminação da água do mar.
A lenta morte dos rios.

Se acostuma a não ouvir o passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães,
a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer.

Em doses pequenas, tentando não perceber, vai se afastando uma dor aqui,
um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se o cinema está cheio a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se a praia está contaminada a gente só molha os pés e sua no resto do corpo.

Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo
e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se
da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta,
de tanto acostumar, se perde de si mesma.


Marina Colasanti

One of the Most Beautiful... Piu bella cosa...


Monica Bellucci... Eros Ramazzotti (live) - Fiorello con Piu bella cosa... 


Monica Bellucci - A Tribute To Her Beauty

Tango - Roxanne



(C) Intimissimi - Heart Tango - Monica Bellucci & José Fidalgo
Full version [Spot TV]
 Direcção:  Gabriele Muccino

Monica Bellucci com o actor e modelo português José Fidalgo

Monica Bellucci with the Portuguese model and actor José Fidalgo


recorded in Portugal | gravado em Portugal





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